Esse argumento vem de longa data e antes dos nossas existências. à um tipo de discurso geralmente de alguém que se coloca contrário ao avanços da população negra com objetivos de manter sua hegemonia e de seu grupo na sociedade.
Estamos imersos na ideologia da supremacia branca que considera que os brancos é que devem dominar e conduzir o mundo de acordo com seus interesses. Na sociedade reproduzimos os padrões eurocêntricos sem perceber, o cabelo liso é o mais bonito, cabelo crespo é armado e ruim, preto lembra perigo, morte, sujeira, ladrão, estupro. Branco lembra liberdade, beleza, inteligência, riqueza, desenvolvimento, etc.
A desigualdade racial vigente hoje no Brasil tem fortes raÃzes históricas e esta realidade não será alterada significativamente sem a aplicação de polÃticas públicas dirigidas a este objetivo. A tática do opressor sempre jogou negros contra negros desde o inÃcio da escravização, a psiquê da população de origem africana foi afetada por esses valores europeus e uma parcela de negros acabam reproduzindo isto sem refletir que estão se sabotando. Outros lutam para promover a igualdade racial e oportunidades para todas as pessoas, reduzindo as desigualdades seculares em nosso paÃs e no planeta.
Para aprofundar a questão leia o texto a seguir:
As pesquisas quantitativas sobre desigualdade racial, realizadas nos últimos 30 anos, têm apontado consistentemente para a existência de um enorme fosso a separar negros e brancos no Brasil do ponto de vista de salários, escolaridade, expectativa de vida e mortalidade infantil, para ficarmos nos indicadores mais importantes. à um fosso demasiadamente amplo, difundido e persistente para que se possa explicá-lo apenas pela escravidão ou pela desigualdade social de que o Brasil é recordista. Ao mesmo tempo, outras pesquisas apontam a existência de mecanismos discriminatórios na escola e na mÃdia, especialmente a televisão, que mantêm, reforçam e atualizam estereótipos negativos sobre a população negra, a qual também é objeto de tratamento discriminatório em suas interações com a polÃcia e com o Judiciário. Os resultados dessas pesquisas constituem um golpe mortal para a ideologia da “democracia racial”, denunciada como instrumento de manutenção do status quo.
Diante desse quadro, constatado inclusive por enviados especiais de organismos internacionais como a ONU e a OEA, o movimento negro brasileiro e seus aliados passaram da simples denúncia à proposição de medidas capazes de contribuir para alterá-lo. Desde o final de 2001, na esteira da Conferência Mundial contra o Racismo, a Discriminação Racial, a Xenofobia e Intolerâncias Correlatas, têm sido adotadas medidas de ação afirmativa, ou discriminação positiva, no âmbito do ensino superior e do funcionalismo público. Neste momento, mais de duas dezenas de universidades públicas, federais e estaduais, utilizam o sistema de cotas para negros – e/ou indÃgenas, dependendo da região –, com resultados que contradizem as objeções a esse sistema com base no “mérito acadêmico” (que o vestibular comprovadamente não pode medir) ou na “futura queda do padrão de ensino”. Simultaneamente, as prefeituras de alguns municÃpios das Regiões Sul e Sudeste reservam vagas para negros nos concursos para o funcionalismo público. No âmbito do ensino básico, a implementação da Lei 10.639, que inclui o ensino da história e da cultura dos africanos e afro-brasileiros nos currÃculos escolares, é outra conquista dos que pretendem construir uma sociedade livre do racismo.
Diante da ameaça de ver reduzidos os seus privilégios, setores da elite branca articularam imediatamente uma reação. A mÃdia contribuiu fabricando, num processo que inclui desde a produção de reportagens enviesadas até a transformação de especuladores em especialistas, uma “opinião pública” contrária à ação afirmativa para negros. Simultaneamente, na impossibilidade de produzir pesquisas que confirmem suas fantasias, setores da elite acadêmica passaram a desqualificar os profissionais e institutos responsáveis, tachando-os de incompetentes, oportunistas ou até impatrióticos. Um dos recursos freqüentemente utilizados é incorporar à explicação da vida social a noção, hoje prevalecente na biologia, de que raça não existe, ignorando o caráter sócio-histórico desse conceito, profundamente arraigado no pensamento e na prática de nossa população. Pratica-se, assim, nas palavras de um sociólogo, uma “eugenia lexical negativa que crê matar o racismo eliminando a palavra”. Numa perversa inversão da realidade, passa-se a culpar as vÃtimas, acusando de racistas os negros que se insurgem contra o racismo.